quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Katrina Prada vira o cristianismo de ponta-cabeça em "Re li gi on", uma verdadeira Bíblia do Pornopop

Pode tirar o manual de catequese do criado-mudo e espanar a poeira, porque agora o chão vai tremer! É hora de invocar todos os santos para que presenciem o espetáculo do despudor, uma verdadeira afronta aos dogmas cristãos que há milênios se transmitem de geração em geração, especialmente no mundo ocidental. Só mesmo uma artista sagaz como Katrina Prada seria capaz de pôr o dedo nas feridas que não se permitem tocar — mas, é claro, sem descer do salto 15.

Capa de "Re li gi on", de Katrina Prada (2014)
A receita de "Re li gi on", quarto álbum de estúdio da cantora, atinge o perfeito balanço entre a crítica ácida e um humor perspicaz, que nos faz sorrir da primeira à décima e última faixa. Ao contrário de sua pupila KARMA, Katrina é econômica, não comete excessos, o que faz com que seu trabalho seja ainda mais primoroso. Desta vez, as produções, sempre impecáveis, vêm acompanhadas de batidas irresistivelmente dançantes e letras deliciosamente transgressoras.

A começar por "Ungida", faixa que abre o álbum. Com uma das instrumentais mais agitadas de "Re li gi on", a música mostra ao ouvinte que os símbolos cristãos devem dar o tom das letras que estão por vir, como se percebe já no refrão: "Hoje à noite, estou ungida, nenhum mal vai me afetar. Da água benta, tomei dois goles, para minha alma purificar."

E as faixas se sucedem conforme a fórmula. Ora abusando de batidas mais eletrônicas, como na bem humorada "Best Friend de Deus". Ora apostando em uma pegada mais alternativa, como na ácida "Tóquio (Testemunha de Jeová)". Ora adotando um tom mais emotivo, como na balada "Maria Me Beije". Estas três faixas, em especial, merecem ser ouvidas com atenção.

Mas o destaque da crítica vai, sem sombra de dúvidas, para aquela que tem gerado enorme repercusão desde o lançamento do álbum. "Hóstia Envenenada", parceira com Xexenia, é a música com maior potencial viral em "Re li gi on". A aceitação do público veio de imediato, transformando a frase "Bato na cara do pastor" em um dos maiores bordões da história do Pornopop! O áudio já obteve um número de visualizações bem mais expressivo que o de outras canções do CD e a campanha para que a música seja trabalhada como single e ganhe um videoclipe é forte na Fake Pop World.

Por fim, o "Re li gi on" também tem espaço para canções mais "safadinhas", como "Sextape", parceria com a já citada KARMA e Gabi, que causa alguma estranheza no contexto do álbum, mas arranca algumas risadas.  E seria uma heresia imperdoável não falar de "Jungle", o maior sucesso desta era até o momento — e que só pode ser desbancado mesmo por "Hóstia Envenenada", na avaliação da crítica. Vale a pena não apenas ouvir o hino, mas também conferir o clipe, o primeiro de Katrina Prada e um dos favoritos no Pornopop.

"Re li gi on" foi um álbum concebido para se tornar um clássico do Pornopop e o resultado final não deixou por menos. Desde a capa até o conteúdo, tudo está coeso, muito bem trabalhado em torno de um conceito divertido, ousado, inteligente. É claro que um ou outro cristão desavisado que cruzar com o álbum por aí vai se ofender, mas paciência, isso é Pornopop. Fato é que Katrina Prada conseguiu criar uma espécie de Bíblia do gênero: audição obrigatória para novatos e veteranos.

Ouça o álbum na íntegra:


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